Capítulo 8 – Perda de um amigo.
Lua acordou e tentou se espreguiçar, o que foi em vão, já que algo lhe impedia. Ela então abriu os olhos e se deu conta de que Arthur estava dormindo de conchinha com ela. Ela sorriu boba e tentou se levantar, ele se remexeu um pouco, mais não acordou.
Lua se levantou e foi até o banheiro, onde tomou um banho relaxante, se lembrando da noite anterior, com ceteza fora um noite inesquecível, mas o que viria agora? Arthur a trataria com indiferença como sempre fizera?
Lua espantou seus pensamentos e terminou seu banho, foi até o closet se vestiu e voltou para o quarto, onde Arthur ainda dormia tranquilamente. Ela foi até o lado da cama onde ele estava e se abaixou.
- Eu te amo – Lua disse, fazendo carinho em seus cabelos bagunçados.
Arthur se remexeu e Lua se assustou, será que ele ouviu o que ela disse? Arthur abriu os olhos e fitou Lua, que corou na hora.
- Bom dia – Lua disse, se levantando.
- Bom dia – Disse Arthur desanimado, o que fez Lua soltar um suspiro triste.
- Bom, eu vou preparar o café da manhã – Lua disse, sem graça.
- Porque Silvia não faz isso? - Perguntou Arthur se espreguiçando.
- Silvia agora só trabalha as terças e quintas.
- Porque isso? - Arthur perguntou, enquanto se sentava na cama.
- Ela precisa cuidar da mãe que está doente – Lua disse, meio triste, era muito apegada a Silvia.
- Hum, entendi. Acha que pode cuidar de tudo sozinha por aqui? - Arthur perguntou.
- Sim, afinal não tenho mais nada para fazer. Vou preparar o café da manhã senão você vai se atrasar – Lua disse, indo para a cozinha.
Arthur suspirou e foi até o banheiro tomar seu banho.
Arthur não sabia porque, mas estava angustiado, como se algo ruim fosse acontecer. Tentou tirar isso de seus pensamentos mas não conseguiu. Ele se arrumou e desceu para tomar café. Encontrou Lua destraida lavando algo na pia e abraçou-a por trás.
Lua se arrepiou dos pés a cabeça, sabia que era Arthur, jamais confundiria aquele toque. Mas porque isso? Arthur nunca a abraçou dessa forma, sem ter um “motivo”. Lua virou-se de frente para ele, e viu que ele estava triste.
- O que houve? - Perguntou, enquanto acariciava seu rosto.
- Nada – Resmungou e se afastou dela, porque abraçou-a?
- É sim, me fala – Lua disse, terminando de lavar a louça, e se sentando junto dele.
- Não sei, estou me sentindo estranho – Disse fazendo um gesto, Lua não entendeu nada.
- Como assim estranho? - Perguntou-o.
- Nada, vou trabalhar – Arthur disse, levantando-se.
- Mas você nem tomou café.
- Não estou com fome – Arthur disse, em seguida pegou sua maleta e saiu, rumo à empresa.
Lua estranhou, nunca vira Arthur daquela forma. Mas como Arthur sempre fora “estranho” mesmo, decidiu não se importar muito. Tomou seu café da manhã, e foi limpar a casa.
Arthur estava tendo um dia normal na empresa, nada de muito irregular. Quando chegou, leu e assinou alguns documentos, fez o que tinha que fazer e agora lá estava ele, olhando pela janela de seu escritório.
A rua movimentada como sempre, pessoas apressadas, atrasadas e até mesmo outras correndo de um lado para o outro. Arthur estava se sentindo completamente angustiado, como assim? Nunca se sentiu daquela forma. Porque estava daquele jeito?
Era algo que ele realmente queria saber, era uma sensação ruim. Arthur tentou espantar os pensamentos e voltar ao trabalho, o que não teve muito sucesso. Mas conseguiu se distrair durante o almoço junto com Chay e Micael.
Quando voltou ao trabalho, sua secretária informou-lhe que sua mãe havera ligado, disse que precisava falar com o mesmo urgentemente. Ela havia tentado ligar para o seu celular várias vezes, mas o mesmo só dava caixa postal, pois estava sem bateria.
Arthur entrou em sua sala e sentou-se em sua cadeira, pegou o telefone e discou o número da casa de sua mãe, mas o mesmo chamou até cair, então ligou para o celular da mesma. O que ela queria falar com ele? Urgentemente? A cada toque, Arthur sentia o ar lhe faltar e a angustia aumentar. Até que sua mãe atendeu.
- Alô – Disse, chorosa.
- Mãe? O que houve? - Perguntou Arthur, assustado.
- Fi...lho – Kátia disse, soluçando por causa do choro.
- Mãe porque está chorando? Me fala mãe, o que houve? - Arthur perguntou, precisava saber o que estava acontecendo.
Arthur nada ouviu como resposta, a não ser o choro excessivo de sua mãe.
Arthur passou aos mãos pelos cabelos nervoso, o que estava acontecendo afinal? Porque sua mãe estaria daquela forma? O que estava acontecendo meu Deus? Seria algo com Lua? Só de pensar no fato, sentiu seu coração apertar.
- Filho? - Ouviu a voz de seu pai do outro lado da linha.
- Pai, pelo amor de Deus o que está acontecendo? Algo com a Lua? - Arthur perguntou desesperado.
- Não filho, não é nada com a Lua – Alexandre disse, e supirou em seguida.
Mesmo sem perceber Arthur sentiu-se mais aliviado, nada tinha acontecido a ela, a sua Lua.
- Ér... que... - Alexandre não sabia como dizer.
- Pai por favor, me fala o que aconteceu de uma vez? - Arthur perguntou em um múrmurio, sabia que não era nada bom.
- Seu primo Gabriel, ele... - Alexandre não conseguiu terminar a frase, lágrimas já caiam por seu rosto.
- O que tem o Gabriel? - Arthur perguntou, dando um pulo da cadeira.
- Ele sofreu um acidente – Alexandre disse de uma vez.
Arthur sentiu o ar lhe faltar, como assim seu primo havia sofrido um acidente? Gabriel estava no Rio de janeiro?
- Co...mo ele está? - Arthur perguntou guaguejando.
- Nada bem, o acidente fora muito grave, os médicos disseram que somente um milagre para salvá-lo.
- Em que hospital vocês estão? - Arthur perguntou-o.
Alexandre passou o endereço do hospital para Arthur, que saiu transtornado até lá. Precisava vê-lo.
Gabriel era filho de seu tio Marcos, irmão de seu pai. Alexandre e Kátia criaram Gabriel como se fossem seu filho, já que seus pais moravam na França e o mesmo não queria morar com eles na época. Arthur e Gabriel foram criados como se fossem irmãos, sempre foram amigos, tinham um carinho muito grande um pelo outro. Mas um pouco antes de Arthur se casar, Gabriel foi morar com os pais na França, e desde então nunca mais voltou.
Arthur chegou ao hospital e foi diretamente para a sala de visitas. Onde encontrou seus pais, chorando. Alexandre quando viu o filho, se levantou e foi até ele o abraçando, ambos choraram. Arthur não conseguia dizer nada, apenas chorar, aquilo não poderia estar acontecendo.
Ele largou seu pai e se direcionou a sua mãe, Kátia abraçou o filho, agarrando-o como se estivesse querendo comprovar que ele estava bem. Depois de alguns minutos ambos já tinham se acalmado um pouco.
- Porque não me contaram que Gabriel estava de volta ao Rio de Janeiro? - Arthur perguntou, olhando para os pais.
- Gabriel chegou ontem de viajem, ele não quis lhe dizer nada porque queria-lhe fazer uma suepresa – Alexandre respondeu, estava abraçado à esposa.
- Ele estava indo justamente até a empresa quando sofreu o acidente – Disse Kátia, se pronunciando pela primeira vez.
Arthur jogou a cabeça para trás em sinal de rendimento, aquilo não estava acontecendo. Nada poderia acontecer a Gabriel, seu primo, seu amigo, seu irmão.
Seu pai já havia lhe explicado que Gabriel estava passando por um cirurgia complicadíssima, e corria o risco de morte com ou sem a cirurgia. Precisavam tentar de tudo para salvá-lo, Gabriel não poderia morrer, isso não. Lágrimas rolaram por seu rosto somente em pensar nessa hipótese.
“Ele Não” - Arthur gritou em pensamento.
No momento em que o médico adentrou a sala, com uma cara nada boa.
- E então doutor? - Alexandre perguntou-o.
- Ocorreu tudo bem não foi? Gabriel está bem não está? - Perguntou Arthur levantando-se, no fundo ele sabia que não era isso não estava acontecendo, Gabriel não estava bem, ele sentia.
- Eu sinto muito, nós tentamos de tudo, mas ele não sobreviveu – Disse o médico.
Arthur caiu ajoelhado, com as mãos no rosto. Alexandre foi até o filho lenvantando-o, enquanto a esposa se sentava, paralisada.
- Ele está mentindo pai, ele está mentindo – Arthur gritava – Gabriel está bem.
- Arthur meu filho, você sabe que isso não é verdade – Alexandre tentava acalmar o filho, sem sucesso.
- Diz para mim pai, diz que é mentira dele – Arthur dizia apontando para o médico – Diz que ele é um mentiroso pai.
- Arthur meu filho, infelizmente ele está dizendo a verdade, Gabriel já não está mais entre nós – Alexandre tentava ser forte, mas estava destruído por dentro.
Alexandre colocou Arthur sentado na poltrona, e foi resolver algumas coisas ali mesmo no hospital. Quando voltou, encontrou sua esposa abraçada a Arthur, Kátia chorava muito, enquanto Arthur estava paralisado, como se estivesse em choque, sem expressão alguma no rosto.
Alexandre exitou em deixar Arthur dirigir até em casa, sabia que o filho não estava em condições para dirigir, mas Arthur simplemente disse que iria embora, entrou no carro e se foi.
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