Capítulo 11 – Me perdoa?
Pararam o beijo com dois selinhos e colaram suas testas ofegantes. Depois de ter a respiração normalizada, Lua ficou sem graça, Arthur olhava-a de forma penetrante.
- Ér, vou tomar meu banho - Lua disse, levantando-se e indo em direção ao banheiro.
Arthur nada falou apenas observou-a saindo de perto dele e adentrando o banheiro. Nesse momento ele se pôs a pensar em tudo que estava acontecendo.
Lembrou-se do dia anterior, de Gabriel e lágrimas vieram em seus olhos. Era doloroso de mais saber que uma das pessoas que você mais ama não está mais aqui, por perto. Ama? Sim existem amor de irmão e era esse amor que Arthur sentia por Gabriel, uma das pessoas que ele mais gostava. Chay e Micael ainda não estavam sabendo de nada, Sophia e Mel também não deveriam estar.
Mas ele teria que superar a dor, afinal a vida segue. Mesmo tristes e feridos a vida não para, temos que viver.
Mas uma única pessoa nesse exato momento lhe invadiu os pensamentos, o nome dela é Lua. De ontem para hoje ela havia se aproximado mais dela, fazendo-o perceber que Lua é uma mulher incrível.
Dedicada, carinhosa, amorosa... Lua tinha todas as qualidades possíveis que um homem poderia querer e mesmo assim, ali estava ele praticamente jogando-as fora, maltratando-a.
Arthur viu um filme passar em sua mente, desde o casamento com Lua até neste momento. Oh céus ele jamais dera valor à ela, nunca havia tratado-a com carinho, estava sempre maltratando-a, descontando a raiva e o nervosismo que sentia nela, que não tinha culpa de nada. Como estava sendo tolo este tempo todo.
Mil coisas passavam em sua mente, cenas, brigas, conversas. Conversas? Arthur e Lua nunca conversaram civilizadamente sobre a vida de ambos, antes disso eles sempre acabavam brigando, Arthur acabava brigando com ela. Já pensou se ela arrumasse um outro homem que desse valor a ela? Arthur sentiu um arrependimento enorme, seu coração doía, não podia nem pensar em perdê-la. Isso nunca.
Ele ouviu a porta do banheiro se abrir e de lá sair Lua enrolada em uma toalha preta, secando seus cabelos em uma outra toalha menor branca, ela estava com um sorriso nos lábios, ele analisou-a rapidamente.
Ela era linda, tinha uma beleza tanto exterior como interior. Seus cabelos louros, que formavam aqueles belos cachos; sua pele branca e macia, que fazia-o se arrepiar a cada contato que tivessem; seus olhos da cor de mel que penetrava-o, fazendo-o se perder.
Arthur não esperou nem mais um minuto, não poderia deixar que sua mulher o abandona-se por outro, um outro que desse a ela tudo que ele não havia dado durante todo este tempo. Um outro que desse valor a ela, que tratasse-a bem, com carinho. Arthur não podia imaginar-se sem ela, sem sua Lua, sua mulher, sua amante.
Arthur levantou-se rapidamente, indo em sua direção, Lua que estava distraída acabou se assustando. Arthur puxou-a para perto dele bruscamente, colando seus corpos, abraçando-a com força, como se precisasse sentir que ela estava ali, com ele.
Lua levantou a cabeça, olhando em seus olhos. Arthur colou suas testas, roçando seus lábios ao dela. Lua suspirou e por mais que fosse difícil, não podia fazer isso, não podia entregar-se totalmente achando que ele havia mudado, pois ainda não tinha certeza de nada disso. Lua colocou a mão em seu peitoral e afastou-o devagar, Arthur não estava entendendo nada até olhar em seus olhos. Nesse momento percebeu que ela estava confusa.
- Lua - Arthur sussurrou, não sabia por onde começar.
- Arthur, por favor não brinca comigo - Lua sussurrou, com a voz falha devido as lágrimas que ela teimava em segurar.
Lua olhava-o como se suplicasse a ele que não fizesse mais isso, não brincasse com ela. Os quatro anos de casados fora assim, ele se aproximava dela quando estava se sentindo sozinho e depois tratava-a como se nada estivesse acontecido, como se ela não significasse nada para ele. Arthur sentiu um nó se formar em sua garganta, ela queria-o longe?
Ele não podia esperar mais, não podia nem ao menos pensar em perdê-la. Ele sabia que precisava pedir desculpas a ela, mas por onde começar? Como começar? Ele sentia que aos poucos estava perdendo-a e que precisava tomar uma alguma atitude.
Ele se aproximou-se dela novamente tentando abraçá-la, mas a mesma recuou-se. Lua estava completamente confusa, não estava reconhecendo mais Arthur, ele nunca fora carinhoso com ela, nunca tratou-a bem, então porque essa mudança repentina?
Arthur haveria mudado realmente ou somente estaria abalado com o falecimento de Gabriel?
Lua não queria se iludir como todas as outras vezes, não queria criar esperanças de que ele havia mudado somente por alguns momentos que ele tratara-a bem, com carinho. Todas as raras vezes que isso acontecia ela criava esperanças e no final ele voltava a ser o mesmo de antes.
Lua só iria acreditar que ele havia mudado se ele dissesse algo à ela, que assumisse que estava errado todo esse tempo.
Arthur já estava ficando nervoso com toda essa situação, Lua estava querendo afastá-lo e ele não permitiria.
- Lua... - Arthur chamou-a, quando percebeu que não adiantaria se aproximar dela, já que a mesma iria se afastar. Ela olhou-o - Por favor, não se afasta de mim, eu preciso falar com você - Disse e suspirou em seguida.
- Falar sobre o que? - Lua perguntou-o, ainda afastada dele.
- Sobre nós - Arthur respondeu e Lua arregalou os olhou.
Arthur sentou-se na cama.
- Venha, sente aqui junto comigo - Arthur chamou-a, e Lua sentou-se ao seu lado, de frente para ele.
- O que... quer falar? - Lua perguntou-o, gaguejando.
- Bem... Ér... - Ele não conseguiu terminar, suas mãos suavam.
Lua olhou-o como se o incentivasse a continuar, e assim ele o fez.
- Eu queria te pedir desculpas - Arthur disse, num sussurro.
- Não entendi - Lua disse, fazendo careta - Fala mais alto.
- Eu queria te pedir desculpas - Arthur disse rapidamente.
Lua arregalou os olhos surpresa, Arthur estava mesmo pedindo desculpas a ela? Ele havia mesmo mudado?
- Desculpas pelo o que? - Lua perguntou-o, arqueando uma sobrancelha, seu coração já estava completamente acelerado.
Arthur segurou suas mãos.
- Por tudo que eu fiz a você, por te maltratar, por ser um imbecil sem sentimentos. Eu fui muito burro de tratar você dessa forma, por favor me perdoa Lua, eu te garanto que eu vou mudar. Só te peço não me deixa - Arthur disse, sentindo uma lágrima rolar por sua face.
Lua ficou paralisada por alguns instantes, as palavras de Arthur pegou-a de surpresa. Ele queria mesmo mudar, ele assumiu mesmo que estava errado durante todo este tempo, Lua ficou sem palavras. Não conseguia responde-lo, nenhuma palavra saia de sua boca. Arthur, seu marido, seu amor, estava ali em sua frente te pedindo desculpas.
- Lua? - Arthur chamou-a, ele já estava mais do que nervoso, precisava saber de sua resposta.
Lua nada respondeu, apenas beijou-o, dessa vez era um beijo diferente de todos os outros, era um beijo apaixonado. Eles se beijavam como nunca haviam se beijado antes, um beijo calmo, onde era evidente que havia sentimentos entre ambos.
Quando ambos já estavam sem fôlego, pararam o beijo com três selinhos, colaram suas testas e ficaram assim até suas respirações se acalmarem, ambos olhando nos olhos do outro. Lua riu, era difícil acreditar que Arthur haveria mudado, era um de seus maiores sonhos, ter Arthur completamente, ter um casamento que não fosse somente de fachada.
- Vou me trocar - Disse Lua rindo, já que a mesma ainda estava somente de toalha.
Arthur assentiu e Lua foi até o closet, onde colocou uma lingerie, um short jeans e uma regata branca, e voltou para o quarto pensativa.
- Está pensando em que? - Arthur perguntou-a.
Ele deitou na cama e puxou-a para seus braços.
- Em tudo que está acontecendo - Lua disse, se aconchegando em seu colo.
- Quando você diz em tudo, quer dizer na minha mudança? - Arthur perguntou-a.
- Sim, eu notei que você tinha mudado, estava digamos que mais carinhoso comigo, mas eu fiquei com medo.
- Medo de que? - Arthur perguntou, sem entender.
- Medo de me iludir como todas as outras vezes - Lua disse triste.
- Princesa, por favor não me lembra disso - Assim que ele terminou de falar viu Lua abrir um sorriso enorme e não entendeu porque.
- Você me chamou de que? - Lua perguntou-o, com os olhos brilhando.
Arthur riu, tinha chamado-a por um "apelido carinhoso" sem nem ao menos pensar, como se fosse algo do dia-a-dia, que ele já estivesse acostumado.
- De princesa, minha princesa - Arthur disse beijando-a.
Lua riu, era estranho ser bem tratada assim por Arthur, mas ao mesmo tempo era algo incrivelmente bom, algo que ela esperou durante anos.
- Sua é? - Lua perguntou-o rindo.
- Minha sim, porque? - Arthur perguntou-a, enciumado.
- Por nada meu príncipe - Lua disse, beijando-o fazendo Arthur rir do apelido.
Lua e Arthur passaram o restante do dia assim, em um clima bom, agradável, trocando carícias.
Arthur estava se sentindo melhor, ele havia percebido que estava e sempre esteve errado no seu modo de agir com Lua. O tratamento que ele dava a ela não era digno, ainda mais para uma mulher como Lua. Ele admitiu-se estar errado e pediu perdão à ela, ele sentia-se leve, como se um peso estivesse saído de suas costas. Neste pouco tempo que passou com ela, pode perceber que gostava dela, mesmo não querendo muito admitir, ele amava-a.
Lua estava se sentindo maravilhosamente bem. Ela sempre sonhará que Arthur mudaria, e agora ele havia mudado. Ele estava tratando-a bem, com carinho, digamos até que amor. Arthur era a pessoa que Lua mais amava, o homem para quem ela se entregou de corpo, alma e coração. Desde o casamento sonhará em estar assim com ele, realmente "juntos".
Lua estava deitada na cama perdida em seus pensamentos que nem ao menos havia notado que Arthur já havia saído do banho, ele deitou-se ao seu lado.
- Pequena - Arthur chamou-a baixinho, abraçando-a por trás. Estava com medo de que a mesma já estivesse dormindo.
- Hum - Lua resmungou, saindo do transe e virando-se de frente para ele.
- Pensei que já estivesse dormindo - Arthur disse, fazendo carinho em suas costas.
- Não estou não, e pequena é? - Lua perguntou-o rindo.
- Sim, minha pequena - Arthur abraçou-a, apertando-a, fazendo se encolher em seus braços - Viu como você é pequena?
- Sem graça - Lua disse, dando um tapa de leve em seu braço.
Eles começaram a rir e em poucos minutos ambos acabaram dormindo de conchinha.
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